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Nós divertimo-nos imenso a ouvir a Mafalda mas este link tem outras coisas muito engraçadas.
Se quer controlar a birra dos seus filhos não perca a calma e lembre-se que a birra é um problema dele, não seu. Esta e mais umas quantas dicas do pai e neuropsicólogo Álvaro Bilbao.
Uma história ao adormecer… ou para adormecer
Quem não gosta de ouvir histórias? Quem não gosta de contar histórias? Aprende-se melhor qualquer matéria se for ensinada como se conta uma história, para lá de o enredo poder ser divertido, engraçado, ensinar muita coisa sobre a vida e o percurso de vida, e permitir exercitar a imaginação e a criatividade de pais e de filhos. E é um bom momento em família…
Uma história ao adormecer é uma oportunidade daquelas que não se podem desperdiçar. É uma mistura de ternura, alegria, repouso, encaminhar para o sono e criatividade, e uma excelente ocasião para, estando a criança já deitada, os pais se abstraírem da intrusiva televisão ou do computador, telemóveis e afins, e terem o prazer (e fruí-lo) de estar com os filhos, até porque, inclusivamente, a maioria dos pais referem estar pouco tempo com eles. Além do mais, a história para adormecer é um momento reconfortante, securizante e, portanto, encaminhador para um bom sono… de filhos e de pais.
É já sabido que dormimos melhor quando nos sentimos seguros. A presença dos pais, através da voz e dos códigos interpessoais, ajuda a desenvolver a parte sensível do cérebro, potenciando a tão badalada inteligência emocional. Aliás, é engraçado ver que pai e mãe têm maneiras geralmente diferentes de contar a mesma história: as mães seguem mais o livro e não alteram tanto a voz. Leem, pois (o que já não é nada mau!). Os pais, pelo contrário, talvez dando largas à imaturidade e infantilidade que caracterizam o sexo masculino, inventam e dramatizam, com piadas e vozes teatrais. Não dizem “depois veio o lobo mau”, mas sim “depois, sabes, veio um lobazão enorme, sabes, grrrrrr, com umas dentuças de todo o tamanho; se ele aparecer aqui, a gente dá-lhe um pontapé que ele vai parar ao Japão”.
Por outro lado, do ponto de vista da rotina, em termos de organizar a hora de ir para a cama e ter um sono regular, atendendo a que muitas crianças resistem na hora do deitar, as histórias para adormecer têm um efeito benéfico. A maioria das crianças resistem a ir para a cama por dois motivos: por um lado, o receio de desligar, de perder o controlo, de se entregar ao destino; por outro, porque têm tanta coisa que querem fazer que dormir será encarado como uma perda de tempo. Ainda há os que querem ficar para “deitar os pais”, ou seja, por considerarem que têm tantos direitos como os pais, incluindo a hora de deitar.
Podemos questionar se as crianças de hoje desaprenderam de dormir, eventualmente por excesso de estímulos e pelos horários tardios a que os pais chegam a casa. Não sei se isto acontece mais ou menos agora do que antes, mas sei que os problemas do sono são encarados com maior rigor e é-lhes dada maior importância. Em todas as idades, diga-se. Antes, porventura, fechava-se a porta e a criança que berrasse até adormecer, o que causava desamparos e traumas de vária índole (aliás, alguns pediatras ainda advogam esse “método” que, para mim, é escabroso e trará muitos problemas de desamparo… ou seja, obrigará a outros “divãs” uns anos mais tarde, no gabinete do psicanalista); hoje está-se mais atento às inseguranças infantis, mesmo que por vezes se caia no extremo oposto.
Os horários escolares e laborais e os malfadados TPC não ajudam, acrescidos da intrusividade dos ecrãs e da televisão, que roubam positivamente o tempo todo do serão e ainda ocupam a hora da refeição (se as famílias caírem nessa!). Falando das famílias, aliás, é bom de vez em quando parar para pensar acerca do tempo da sua vida em casa, que pode ser seguramente mais bem organizado, e não consumido com coisas redundantes, sem significado, a ver pela enésima vez as notícias, e atendendo aos ritmos e desígnios dos seus vários elementos.
Curiosamente, as crianças insistem muitas vezes em ouvir as mesmas histórias repetidas vezes, e os contos podem ajudar no sentido de respeitarem o seu limite intelectual e a lidar com a agressividade, a rejeição, os medos, os dilemas, a justiça, a morte e os problemas próprios da idade. Ouvir várias vezes a história é tentar compreender todo o seu enredo e, depois de uma primeira apreciação mais global, ter em atenção os pormenores, que são tão importantes como o tema de fundo. As histórias ensinam-nos muito sobre a vida, o percurso de vida, o bem e o mal, a luta e os conflitos éticos, os medos, etc., mas através de outros heróis que não diretamente a criança. As histórias permitem também aliviar tensões e emoções, e compreender sentimentos e como o mundo funciona, em termos de responsabilidade do que fazemos e do impacto que tem sobre os outros.
Será que um final feliz pode dar a uma criança a segurança de que necessita para dormir com menos angústias? Se sim, como é que depois as ensinamos a lidar com as frustrações do dia-a-dia? Um final feliz dará a certeza de que o bem vence o mal e que a normalidade fica reposta, mas à custa de trabalho, drama, vencendo receios e tendo uma estratégia para a vida. Lidar com a frustração e as contrariedades do dia-a-dia é fundamental, e quase todas as histórias nos ensinam isso, bem como os limites e a ideia de que não podemos ter tudo e que mesmo o que podemos ter não será já. Assim se aprendem a viver as angústias.
Uma outra questão será a de saber como contar histórias aos filhos, antes de dormir, sem que seja uma seca, mas por outro lado sem que se entre num autêntico carnaval. Há um empolgamento que é natural e que não excita, mas diverte. Advogo, pois, que se conte a história com a criança já deitada e pouca luz, para consagrar a mudança do registo que já deve vir de antes da história...
Que temas para as histórias, perguntarão? Bom, a temática vai depender do que elas estiverem a viver na altura e o facto de se privilegiar a história ao deitar prende-se sobretudo com o facto de a família estar mais disponível para desfrutar da companhia uns dos outros e abordar temas do quotidiano, para lá das histórias consagradas dos contos e fábulas infantis.
Qualquer história vale, desde as tradicionais, que devem primeiro ser contadas como foram escritas, ou seja, o bem vence o mal e liquida-o, e depois inventando outras personagens que permitem aos pais enviar recados aos filhos, e a estes, quando se apoderam também da capacidade de delinear enredos, veicularem mal-estares ou até referirem situações pelas quais estejam a passar e que tenham medo de referir abertamente.
As histórias para adormecer são, pois, uma oportunidade e podem ser um momento de gozo, diversão, entretenimento e também de terapia individual e familiar. Vamos a elas?
Já conhecem o livro/disco da Capicua? Chama-se Mão Verde e é lindo: fala de plantas, da agricultura, dos cheiros das ervas aromáticas, da cor das flores, da alimentação e, embora tenha nascido de um espectáculo destinado a crianças, é para todas as idades.
Disponíveis para download gratuito aqui.
No blog Mum's the Boss:
1. Falar sobre sexualidade? A partir de quando?
Em primeiro lugar importa sensibilizar que o conceito de sexualidade não inclui apenas relação sexual e prática sexual. O erro sobre este conceito talvez seja o que mais tem dificultado a sua abordagem.
Quando falamos de sexualidade falamos de muitas coisas como género, identidade, relação comigo e com o outro, afetos, sentimentos, corpo, desenvolvimento, segurança, proteção e claro, intimidade e relação sexual. A criança apresenta desde cedo curiosidade em relação a ela e depois em relação outro e essa curiosidade potência o início de uma serie de questões, às vezes constrangedoras para os pais. As crianças exploram, desde cedo o mundo. Elas e os outros fazem parte desse mundo daí o começo desse conhecimento através da boca, do toque, da marcha, da fala…
As perguntas normalmente começam sobre as diferenças que observa e normalmente incidem sobre a temática do corpo. Os pais não devem esperar que as perguntas surjam devem aproveitar momentos de rotina da criança para lhes falarem, de forma normal sobre os temas. Por exemplo, para falar sobre as questões do corpo, podem aproveitar processo de limpeza e higiene para sensibilizar para o corpo e para o seu cuidado, e proteção das zonas intimas. As respostas devem ser objetivas e claras e claro, sempre adequadas à compreensão da criança.
2. Uma conversa com uma criança de 6 anos começa de forma diferente do que uma conversa com um jovem de 9 ou outro de 13. Como é que se começam estas conversas? E sobre o que falar, exatamente?
As crianças têm interesses de acordo com a sua idade e desenvolvimento, esses interesses podem influenciados por inúmeras variáveis, como é exemplo, o fato de terem ou não irmãos mais velhos. Aos 6 anos a criança entra na escola, é altura de sedimentar alguns conceitos relacionados com o corpo e género, já na puberdade, período que antecede a adolescência, é importante que os pais estejam atentos às alterações físicas e psicológicas que chegarão na adolescência. Uma abordagem adequada, nesta, fase pode fazer com que as crianças passem todo o processo de transformação e crescimento de forma mais segura e saudável. É importante que compreendam que não crescemos ao mesmo tempo e que meninos e meninas têm desenvolvimentos diferentes. É altura de reforçar os cuidados de higiene e abordar sem medo todas as mudanças que irão surgir. Crescimento, surgimento dos pelos, alteração da voz nos rapazes, menstruação nas raparigas e ejaculações nos rapazes (…)
3. É importante falar mas há um espaço para intimidade. Quais são essas fronteiras?
As fronteiras da intimidade devem ser definidas desde cedo, para os filhos e para os pais. É importante que os eduquemos para a sua autónomia, por exemplo nos seus rituais de higiene. Mas também é importante que o espaço, quarto, seja um lugar reservado aos pais e o dos filhos a estes. Desde cedo que o quarto dos pais deve ser mostrado como um espaço dos pais, da sua intimidade e à semelhança de outras regras, deverá haver respeito por esse espaço, ensinando-se, por exemplo, desde cedo a criança a bater à porta. Este tipo de comportamento de autonomia e respeito pela privacidade potenciam comportamentos mais adequados e saudáveis e evitam, claro, muitas surpresas. Em relação à nudez, questão levantada por inúmeras famílias, não há qualquer problema de os pais tomarem banho com os filhos se todos estiverem confortáveis nessa situação, à medida que a criança cresce isso deverá ser desencorajado e na puberdade, são as crianças que começam a esconder-se e a não estarem confortáveis, é importante respeitar este momento de passagem do corpo infantil para o do jovem adulto, por isso é importante promover a autonomia para que desde cedo as crianças possam lavar-se, vestir-se sem que sejam os pais a fazê-lo.
4. Hoje em dia há pais que sabem tanto sobre a vida sexual dos filhos como os próprios. Há outros que consideram que eles aprendem 'essas coisas' com os amigos. Onde está o meio-termo?
"Passamos o tempo a dizer à criança, ‘cala-te, não digas disparates’. Ela cresce, vai trabalhar e quando lhe pedem para fazer 'brainstorming' bloqueia, porque reprimiu a sua imaginação", defende Jorge Rio Cardoso, Professor universitário e autor, em entrevista à VISÃO.
A entrevista completa aqui.